12/11/2024
Vinte anos, Izaac.
Dobramos duas décadas como quem curva o tempo e enxerga, de cima, a estrada que trilhamos juntos.
Não é qualquer caminhada, você sabe.
É uma história desenhada a cada sorriso, cada olhada enviesada, cada suspiro em silêncio. Foi ali, há vinte anos, sob o som de Vento no Litoral, que tudo começou. Um beijo que carregava os ventos de uma vida inteira, como se o universo estivesse segurando a respiração para nos ver acontecer.
Dois filhos nasceram e cresceram, e eu acompanhei o milagre de vê-los vir ao mundo, com você ali, olhando para mim com aquela cara de quem se divide entre o susto e o orgulho. Passamos de dois para quatro, e cada conquista, cada tijolo que construímos, cada viagem que fizemos, nos transformou um pouco mais em uma unidade que se multiplica.
Ah, como amo a sua companhia.
Mas confesso, que às vezes me pergunto se você precisa, mesmo, ser o “Miss Simpatia” em qualquer lugar. É impressionante como você é o amigo de infância de qualquer desconhecido no intervalo de um bom-dia.
Eu, com a minha cara fechada e resguardada, vejo em você o sol que ilumina até os cantos mais sombrios, que resiste até nas horas de tempestade. E sim, você me irrita com esse seu jeito aberto, mas talvez seja exatamente por isso que funcionamos tão bem.
Somos tão diferentes, mas, de alguma forma misteriosa e magnética, somos tão iguais.
O tempo, esse velho companheiro invisível, parece ter feito um pacto com a gente.
Olhando para trás, vejo que já passei mais tempo ao seu lado do que sem você. Mais da metade da minha vida é nossa. Entrelaçada na sua, marcada por essa dança de passos firmes, tropeços e recomeços.
E talvez seja isso que me encanta:
Essa certeza de que, com você, até o desequilíbrio é estável, até o inesperado faz parte do plano.
Aqui estamos nós, vinte anos depois, cercados de memórias e de uma estrada que ainda guarda mistérios. É como se cada momento nosso fosse uma partitura, com notas que vão se encaixando, criando nossa própria melodia, uma trilha que ressoa no peito, sempre viva e pulsante.
Obrigada por essa caminhada, amor.
Que venham mais vinte, ou trinta, ou quantos o destino nos permitir.
Hoje, só quero lembrar, de coração aberto, que cada instante, cada sorriso e cada diferença nos trouxe até aqui.
E não trocaria essa nossa vida compartilhada por nada nesse mundo.
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