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Ser fã depois dos 30

Foto do escritor: Jéssica MilatoJéssica Milato


É engraçado como ser fã muda com o tempo.

Quando somos jovens, é tudo tão visceral, tão imediato. A gente coleciona CDs piratas, recorta fotos de revistas, escreve cartas que nunca serão lidas. Ser fã, naquela época, é quase como estar apaixonado pela primeira vez: a intensidade vem junto com a ingenuidade.

Depois dos 30, o amor pela arte amadurece, mas não perde o brilho.

É diferente, mais pleno. Hoje sei que ser fã não é só sobre idolatria, mas sobre se identificar, se encontrar em cada verso, em cada melodia.

Eu amo Jão, amo Anavitória. Suas músicas são trilhas sonoras da minha vida adulta, que embalam meus dias. E sabe o que é melhor? Hoje posso ir aos shows. Posso viver a experiência inteira, sem me preocupar com dinheiro ou negociar com meus pais.

Este ano, fui a três shows do Jão.

E cada uma delas foi especial à sua maneira.

Em janeiro, decidi ir sozinha. Ninguém aqui em casa compartilha meu gosto por ele, mas quer saber? Foi libertador. Comprar meu ingresso, me arrumar, entrar no carro e sentir o coração acelerar na fila de entrada... tudo isso me fez lembrar que, apesar dos papéis que desempenho — mãe, esposa, profissional —, ainda sou uma mulher com paixões próprias, com direito ao meu espaço.

Estar ali, só eu e as músicas que tanto amo, foi um ato de respeito por mim mesma.

Em julho, a história foi diferente. Convidei minha filha Bianca, e ela aceitou — não exatamente pelo Jão, mas porque o evento também tinha MC Cabelinho e Luísa Sonza.

E tudo bem! Ver o brilho nos olhos dela, enquanto cantava as músicas que gosta, foi uma experiência que guardarei para sempre.

Ela ria das minhas letras decoradas do Jão, eu fingia entender as gírias que ela soltava.

No fim, éramos duas gerações unidas por uma tarde de música.

Agora, em dezembro, fui pela terceira vez.

Outra vez sozinha.

Meu esposo me levou até a porta, esperou pacientemente no horário combinado, e lá fui eu, novamente, viver aquele turbilhão de emoções.

Ver o Jão ao vivo nunca é só um show; é um reencontro com tudo o que as músicas dele despertam em mim: lembranças, sonhos, até lágrimas.

O mais bonito disso tudo é que, depois dos 30, ser fã ganha um gosto de conquista.

Porque agora tenho a liberdade — financeira, emocional e de tempo — para viver isso do meu jeito.

Não preciso explicar meu gosto, justificar minhas escolhas ou pedir aprovação.

Meu espaço é meu.

E sabe o que é ainda melhor?

Esse brilho nos olhos, esse coração acelerado, essas vozes ecoando na minha cabeça depois que as luzes se apagam. Isso me lembra que, não importa a idade, ainda sou capaz de me encantar, de me emocionar, de vibrar como aquela adolescente de antes, mas com a certeza de que agora faço isso por mim, do jeito que sempre quis.

Dia 7 de dezembro foi mágico, como as outras vezes. Mas talvez o maior presente que o Jão e a música me dão não seja apenas a experiência dos shows.

É me lembrar, em cada refrão, que amar algo intensamente — mesmo depois dos 30 — é um dos privilégios mais lindos da vida.


 

No meu Instagram @jessicamilato tem os destaques dos shows do meu reizinho!


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