Texto do fim de 2018, mas atemporal.
Precisamos falar sobre: livros.
Autor, se você tiver ego inflado ou se achar o próximo best-seller do New York Times, peço que não leia este post. A intenção não é fazer deste, uma rinha de briga de galo.
É apenas a visão de alguém que está no mercado há algum tempo e o estuda demais.
Precisamos falar sobre livros. Sim, aquele calhamaço de papel, preso por cola e que muitas vezes chegam a custar um valor considerado pela “sociedade leitora”, caro.
Vamos começar com uma regra básica.
Livro é PRODUTO.
Peço que não se choquem com essa verdade que trouxe.
Qualquer profissional de qualquer ramo, que trabalhe onde deseja, trabalha com amor, mas não POR amor.
Amor é lindo, mas não paga internet, luz... tempo.
Por trás de um livro, o mais básico e simples que você tem na estante, teve dinheiro investido.
Teve capista, revisor, diagramador... e esse não foram pagos com amor.
Ah, o autor adora receber amor nas redes sociais, mas não sejamos hipócritas em dizer que ele não prefere os royalts da Amazon. Porque é isso que muitas vezes pagam as contas da casa dele.
Escrever é lindo, é algo que demanda muito tempo e inteligência. Não é só sentar na frente do computador e cuspir as palavras. Por isso SIM o trabalho do autor deve ser valorizado.
Mas como valorizar se nem mesmo ele valoriza? Se ele mesmo não investe?
“Ai, mas editora que cobra é gráfica disfarçada”.
Aham, até porque, editora vive de vento.
“Ain, mas eu só publico se for tradicional”.
Quais as garantias que você dá, que seu livro é bom? Que de fato vai vender, para suprir os gastos da editora e aí então gerar algum lucro?
Livro físico virou questão de status.
A pessoa vende 10 livros e coloca no currículo que tem X livros publicados, sendo que nem 1/10 deles é falado em rodinha de leitores nas redes.
Aí optam por não pagar a "editora/gráfica disfarçada" e vão para o financiamento coletivo.
Sem estrutura, sem planejamento, sem publico, só provando para a editora, que mais uma vez ela estava certa em não apostar naquele livro.
Estamos vivendo a era de muito livro e pouca qualidade. Todo mundo é escritor, mas muitos não sabem se quer usar um travessão em fala. Pior, não sabem nem sobre os verbos dicendi e regras de narrativa.
Escrever é 1% dom, restante é estudo e treino.
Enquanto os próprios autores não começarem a se profissionalizar, a investir em seu trabalho e tirar a bunda da cadeira e dar a cara a tapa indo a eventos, participando de feiras, concursos, sempre terá reclamação.
Por isso quem não tem medo de ser o diferente é quem sempre se destaca.
Enquanto uns lamentam, outros criam oportunidades.
Basta parar de chorar um pouco nas redes e começar a arregaçar a manga e mostrar para a editora, o porque você merece o tipo de publicação que você almeja.
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